A MENTE VENCEDORA DO FUTURO
De Nova York, Thomas Friedman. Da Índia, Pankaj Ghemawat. Mais um conflito entre Estados Unidos e Oriente?
Ou seria um combate entre o herói e o vilão numa super produção de Hollywood? Só de falar em Estados Unidos e Oriente, já cheira a bomba! Mas a “guerra” agora é bastante saudável.
Falo da recente discussão provocada por Pankaj Ghemawat, professor indiano da Harvard Business School.
Como palestrante gosto e tenho o costume de ler muito.
O alvo é o famoso livro O mundo é Plano, Best seller assinado por Thomas Friedman, colunista do New York Times.
Para Friedman, o mundo é plano, as fronteiras entre nações não existem mais e a globalização está “a todo vapor”. Ghemawat rebate em “alto estilo”:
– “O mundo não é plano coisa nenhuma! Isso é tudo globaboseira”!
PORQUE O MUNDO NÃO É PLANO
O indiano defende que a coisa não é bem assim, apresentando argumentos bastante lúcidos como o fato de que o investimento estrangeiro direto (IED) nos países, não atingiu nem 10% no período de 2003 a 2005.
Ou mesmo a internacionalização das patentes, ligações telefônicas e investimentos na bolsa, que também não chegam sequer aos 10%.
Ghemawat e Friedman chegaram a “se pegar” através de cartas.
Uma coisa é certa; plano ou não, não se pode negar que o mundo está diferente. Em parte para melhor, em parte para pior.
Todo bom palestrante tem alertado sobre mudanças deste tipo nos últimos anos.
O MUNDO ESTÁ DIFERENTE
Impactos positivos em algumas economias, aumento da difusão da informação, geração de novas fontes de energia e mais recursos na medicina.
Impactos negativos também; meio ambiente degradado, conflitos entre nações, péssimas condições de vida de alguns povos e claro, valores humanos deteriorados.
De uma forma ou de outra, tudo isso vem das pessoas.
O mundo foi transformado porque elas se transformaram.
Mesmo que a “planificação” do mundo venha a ser lenta, muita coisa tende a se “planificar” ou a convergir.
A começar pela forma como as novas empresas são planejadas.
Como os mercados estão muito densos e competitivos nascem novas formas de se pensar a estratégia de uma empresa.
MUDANÇAS
Empreendedores de todo o mundo estão juntando atributos de valor provenientes de setores completamente diferentes para criar novos modelos de negócio.
Estudantes estão mais conscientes de que a escolha de uma profissão passa também pelo significado que o trabalho terá em suas vidas, deixando se render à mera ambição de ficar rico a qualquer custo.
Começam a surgir os verdadeiros talentos, apaixonados pelo trabalho.
Sem aquele pavor pela próxima segunda-feira serão motivados pelo senso de realização e pelos ganhos decorrentes de sua competência.
Fui palestrante de muitos eventos voltados para estudantes e tenho falado muito destas mudanças.
O NOVO CONSUMIDOR
Os que fazem a diferença acabam enriquecendo.
Outro aspecto importante é a transformação no conceito de consumo.
Consumir no passado era para suprir necessidades. Existia o momento da compra e o momento da “curtição”.
Hoje já vemos o consumo tratado como uma experiência, como parte do prazer da vida, um verdadeiro ritual.
E por isso, os varejistas estão preocupados em tornar o ambiente de consumo mais humanizado, mais interativo, capaz de fazer o cliente sonhar dentro da loja.
Como diz um grande amigo, “somos todos crianças; o que muda é o preço dos brinquedos”.
MERCADO DE TRABALHO
No mercado de trabalho, caçadores de talentos lotam os programas de TV e eventos de RH dizendo que tipo de “alienígena” procuram para ocupar as empresas do futuro, pois as competências que o mercado está buscando têm sido de multi-especialista, um profissional com uma visão holística da tarefa e das possibilidades do mundo.
Em resposta a tudo isso a área de gestão de projetos cada vez mais se afirma como uma ciência que veio para tornar a atividade humana mais eficaz a começar pelo mundo dos negócios.
Sua natureza integrada e convergente alinha-se às tendências do progresso tanto dos seres humanos quanto das inteligências eletrônicas e artificiais (softwares e robôs).
Acredito que o amadurecimento desta ciência certamente a levará a cumprir outros papéis importantes além dos negócios.
Não é de hoje que a gestão de projetos está presente na pauta do desenvolvimento, mas sua popularização vem se tornando mais intensa nos últimos anos.
Então não é difícil perceber que o ser humano vencedor terá uma configuração de inteligência diferente do que foi.
Aquele que vem para inovar saberá se relacionar e construir redes de pessoas, integrando novos conhecimentos ao seu saber de origem.
Se ele compra e se diverte ao mesmo tempo, não tem pavor do trabalho e constrói novos modelos de negócio juntando tudo o que é bom, certamente possui um novo tipo de inteligência.
Uma inteligência convergente, integradora.
INTELIGÊNCIA CONVERGENTE
Pessoas com este tipo de mente serão vencedoras por que:
- Inovar e sustentar são duas de suas capacidades intensamente requeridas pelos negócios e pela sociedade, independente do mundo ser “plano ou redondo”;
- As respostas para muitos conflitos humanos estão no passado, mais precisamente na história e na antropologia. Incrivelmente, passado, presente e futuro serão integrados pelos representantes desta classe para dar luz à inovação nas crenças e condutas sociais; o poder, o amor, a sexualidade e a espiritualidade serão profundamente transformadas;
- Chamados de multi-especialistas por uns e nexialistas por outros, serão criadores de novas profissões e novos produtos, uma reinvenção ancorada na integração de diferentes áreas do conhecimento;
- O mundo precisa de mais pessoas talentosas e felizes. As fronteiras entre vida pessoal e vida profissional progressivamente tendem a desaparecer. Essas pessoas não vão mais trabalhar para se sustentar, mas desfrutar do resultado positivo que seu talento os permitirá ter;
- A felicidade, tão esperada ao longo dos anos pela velha geração será descoberta no dia de hoje, na possibilidade de ser o que se quer ser, sem comparações, sem receitas, fórmulas mágicas ou nada que possa prejudicar alguém.