Como trabalhar em equipe?
Como fazer as pessoas finalmente se aderirem ao lema “nós faremos juntos”?
Porque as pessoas são tão resistentes ao princípio do sucesso coletivo, praticado até mesmo no reino animal?
Estas 3 perguntas refletem um drama vivido por milhares de empresas em todo o país e até mesmo em outras partes do mundo.
Neste artigo você verá:
- EXEMPLOS DE COMO TRABALHAR EM EQUIPE
- OS 5 SABOTADORES DE COMO TRABALHAR EM EQUIPE NAS EMPRESAS
- Sabotador 1 – Os “Diplomados Profissionais”
- Sabotador 2 – Remuneração
- Sabotador 3 – A Bomba Atômica do Ego
- Sabotador 4 – Ausência de Visão Sistêmica
- Sabotador 5 – Processos ineficientes
- CONCLUSÃO
Já ouvi pessoas dizerem que trabalho em equipe de verdade é utopia, apenas mero discurso.
Mas não acredito nisso.
Há empresas, instituições, grupos artísticos e até mesmo grupos informais, que fazem do trabalho em equipe uma grande ferramenta de eficiência, produtividade e aprendizagem.
Como já falei em artigos anteriores, o conhecimento é a resposta da humanidade aos seus desafios.
Por isso defendo que os problemas do trabalho em equipe nas empresas têm explicação sim.
Antes de mergulhar na leitura aprecie este resumo do artigo que minha equipe (aqui na empresa sabemos como trabalhar em equipe :)) preparou para você:
RESUMO DO ARTIGO
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EXEMPLOS DE COMO TRABALHAR EM EQUIPE
Em minhas palestras pelo Brasil e pela América Latina converso com muitos empreendedores e gestores de diversas instituições.
Também convivi com grupos artísticos quando estudava música e o trabalho em equipe com harmonia sempre esteve presente nos ensaios de orquestra, na sala de aula, nos grupos instrumentais e até mesmo nas atividades didáticas (gosto tanto de música que mesmo sendo da área de Marketing, também me formei em música com ênfase em Composição na faculdade da Universidade Federal de Minas Gerais).
Nos eventos internacionais de ilusionismo, onde busco inspiração para minhas palestras pude ver “o brilho” dos exemplos de trabalho em equipe na produção dos shows, na organização dos espetáculos e no profissionalismo dos mágicos com suas equipes.
Durante aproximadamente 7 anos trabalhei como consultor de Marketing Estratégico e apesar do caos e das limitações de algumas empresas, me surpreendi muito com “centelhas” de como trabalhar em equipe, em ambientes que não eram favoráveis para que este “fenômeno” pudesse acontecer.
Na área da saúde, especificamente na enfermagem de alguns hospitais presenciei cenas que deveriam virar documentário, pelos exemplos de trabalho em equipe destes profissionais com a equipe multidisciplinar.
Mesmo quando fui estagiário e atuava em projetos menores tive a sorte de testemunhar pessoas extraordinárias provando que o espírito da vitória coletiva existe sim.
Por outro lado, os fatos mostram que as “dores” em qualquer tipo organização são muito parecidas.
Salvo as exceções, muitos empresários reclamam que quanto mais se investe no trabalho em equipe ou grupo, menos ele acontece.
Mesmo suspeitando das causas dessa dificuldade comum, estes mesmos empresários parecem não ter certeza absoluta dos motivos.
Todo o esforço que eles fazem, provavelmente está sendo desperdiçado porque raramente as verdadeiras causas do problema são atacadas.
Então decidi falar sobre o assunto sem qualquer censura.
OS 5 SABOTADORES DE COMO TRABALHAR EM EQUIPE NAS EMPRESAS
Algumas verdades sobre como trabalhar em equipe ninguém tem coragem de falar.
São verdades tão óbvias que acabam ficando escondidas nas “entrelinhas”, sabotando os sonhos das empresas e de seus profissionais.
No “coração” das dificuldades de cooperação estão 5 sabotadores que destroem o trabalho e a esperança de dias realmente melhores.
Acompanhe a sequência de 1 a 5:
SABOTADOR 1 – OS “DIPLOMADOS PROFISSIONAIS”
Reflita e responda honestamente para si mesmo (a):
Quantas pessoas você conhece, que simplesmente amam o que fazem profissionalmente?
Elas são maioria ou minoria?
Se você conhece muitas é um (a) privilegiado (a).
Por incrível que pareça, até hoje, a maioria das pessoas trabalha com algo que não faz sentido algum para suas vidas, para sua personalidade, para sua missão de vida e para seu propósito maior.
São os chamados “diplomados profissionais”; pessoas que têm um diploma, até em níveis bastante elevados, mas sem qualquer interesse genuíno pela área em que se formaram e pelo trabalho que realizam.
Antes de continuar a leitura, veja o alerta abaixo:
O fato é que os “diplomados profissionais” acabam por decidir sua profissão exclusivamente por critérios racionais ou pela “chancela” do cargo que ocupam, e não por uma motivação intrínseca de realizar o trabalho e receber dinheiro pelo resultado real que produzem.
Mais uma vez lanço uma pergunta para sua reflexão:
“Diplomados profissionais” estariam interessados em fazer parte de uma excelente equipe?
Uma pessoa que não gosta nem um pouco do que faz será genuinamente engajada em colaborar numa grande tarefa, especialmente por um longo tempo?
O discurso diz que sim.
Mas os fatos têm dito que não.
O OUTRO LADO DA MOEDA: O “PROFISSIONAL DIPLOMADO”
O oposto é realidade para o “profissional diplomado”, aquele trabalhador que mesmo sem ter um diploma, já tem um enorme interesse e atitudes que o tornam um favorito candidato a se tornar (realmente) um profissional de determinada área.
O que faz um profissional ser grande é algo que já está com ele (a), antes mesmo de concluir sua formação; um intenso desejo de realizar.
Ao contrário do “diplomado profissional”, o “profissional diplomado” se torna diplomado porque sabe o que quer (há alguns que nem diploma chegam a ter e ainda assim “arrebentam”).
Um percentual deles acaba abrindo um negócio próprio, de tanta verdade que há no desejo de fazer acontecer que eles carregam dentro de si.
SABOTADOR 2 – REMUNERAÇÃO
Já vi várias revistas (matéria da Revista Veja aqui), artigos e até pesquisas dizendo que a remuneração não é o que aparece em primeiro lugar quando o assunto é motivação para trabalhar.
Isso pode fazer sentido para algumas pessoas, mas é tão conveniente quanto perigoso generalizar (matéria mostrando o contrário aqui).
Algumas variáveis tornam a relevância da remuneração um tanto relativa:
VARIÁVEL A – O perfil do trabalhador:
Há pessoas que são mais ambiciosas e valorizam muito o salário e o que ele pode comprar; outras dão mais valor a aspectos intangíveis como estabilidade, realização profissional/pessoal, relacionamento no trabalho, senso de pertencimento, etc.
VARIÁVEL B – A idade do trabalhador:
Dependendo da idade, um profissional pode ter uma expectativa financeira maior ou menor. Isso não é um parâmetro linear e nem previsível; trabalhadores com idade mais avançada podem esperar um salário menor. O contrário também pode acontecer com profissionais que estão ingressando no mercado de trabalho.
VARIÁVEL C – O ciclo de vida do profissional (valor de mercado momentâneo do profissional):
Conforme expliquei neste vídeo gravado em Porto Alegre, toda pessoa, enquanto trabalhador (a) passa por 4 fases:
- Fase de valorização (também conhecida como fase da interrogação ou fase da criança prodígio)
- Fase inovadora e altamente produtiva (também conhecida como fase estrela)
- Fase da “comoditização” ou declínio (também conhecida como fase da vaca leiteira)
- Fase obsoleta (também conhecida como fase do abacaxi ou fase do cachorro)
Uma observação importante é que o fato de uma pessoa ter mais idade, não necessariamente a coloca na fase obsoleta.
Talvez a palavra “fases” induza a associar a evolução da fase interrogação à fase abacaxi com o avanço da idade.
No entanto, há pessoas de mais idade que estão ou permanecem na fase 2 (inovadora e altamente produtiva) até o fim da vida, pelo mérito de novos conhecimentos, esforço e aplicação prática de seu aprendizado na geração de valor novo.
Também há pessoas mais jovens, que paradoxalmente não passam da fase 1 (fase de valorização) ou até mesmo já entram no mercado de trabalho na fase 3 (fase da comoditização) ou na fase 4 (fase obsoleta), o que tem sido mais comum do que se pode imaginar.
A perspectiva de remuneração de um profissional é regida por estas 4 fases.
Se o indivíduo tem consciência do valor que possui em cada uma delas, sua expectativa vai variar conforme este nível de consciência e a quantidade de ofertas que recebe das empresas que desejam tê-lo (a) como colaborador.
Como todos estamos à mercê dessa variável é bom reciclar sempre, para se manter na fase 2 ou poder retornar a ela rapidamente, em caso de avanço para as fases 3 e 4.
VARIÁVEL D – As expectativas do trabalhador e as expectativas da empresa:
É comum escutar alguém reclamando do salário que recebe.
Muita gente tem uma renda muito abaixo da realidade ou do que merecia.
Outros reclamam mesmo tendo um bom e justo salário, pelo simples vício de reclamar.
Há também os que cultivam uma expectativa irreal de evolução patrimonial; o salário até que é bom, mas a pretensão é de ter uma “vida de Mercedes”.
Aí complica.
É a velha história do “risco patrão”; se você quer ter um Mercedes pague o preço correndo o risco de ser um grande empresário, que obviamente pode vir a tomar “muitas pingas”, mas também levar muitos “tombos”.
Há quem diga que toda empresa ou instituição deveria ter um sistema de premiação por resultados. Polêmico tópico, pois afetaria políticas e muitas questões que envolvem o poder. O assunto é bastante estudado quando trata da remuneração de profissionais de vendas (veja este excelente artigo da Harvard Business Review), mas ainda não se aplica a todas as profissões.
Quem sabe essa reflexão possa se tornar realidade em toda e qualquer área profissional.
Muitos trabalhadores argumentam que “a conta não fecha” quando as pessoas ouvem que devem se empenhar cada vez mais, para produzir resultados cada vez melhores.
A singela pergunta que os trabalhadores se fazem é:
“Ok, mas o que eu ganho com isso? ”
Já a empresa só tem uma expectativa; o melhor trabalhador pelo menor preço.
Ponto.
Há muitas empresas que hoje têm uma visão mais refinada sobre gestão de pessoas e carreiras, e de fato investem muito no colaborador.
Mas não se engane.
A empresa quer o melhor.
Nenhum negócio se sustenta sem produtividade e por isso vale mais quem custa menos e produz mais.
Por melhor que um salário seja, pode apostar que a expectativa em cima de quem irá recebê-lo é proporcionalmente alta.
Continua não existindo “almoço grátis”.
SABOTADOR 3 – A “BOMBA ATÔMICA” DO EGO
Interajo com o ecossistema de negócios diariamente.
Empresas, escolas, instituições, universidades, enfim.
Em qualquer destes ambientes, não demora muito para a “bomba atômica” do ego aparecer.
Ele está por toda parte e age sempre da mesma forma.
Alguém será a vítima e alguém será o que “inquestionavelmente” tem razão.
Porque o “eu” precisa prevalecer sobre “o nós”.
Sabe quando você tem a sensação de que a história se repete em lugares, empresas e instituições diferentes?
Aquela sensação de que há um padrão em suas observações, do tipo“eu já vi isso antes e estou vendo de novo”?
Desde 2012 tenho refletido muito sobre os efeitos do ego na vida humana, especialmente sobre o quanto ele afeta a visão de mundo das pessoas, a forma como elas se auto definem, a forma como se relacionam e a forma como tomam decisões.
O ego é um “veneno letal”, que precisa de antídoto urgentemente.
Geralmente as pessoas só encontram o “antídoto”, quando sofrem muito ou quando perdem algo.
Autoconhecimento fraco, inteligência emocional fraca e jogos de interesses são as causas mais comuns do uso do ego como “bomba de efeito moral” nas organizações e na sociedade.
Veja a definição de ego desse especialista da Catho e a relação do ego com o autoconhecimento:
Especialmente para lidar com pessoas difíceis é preciso se preparar para enfrentar os efeitos negativos que o ego pode provocar, nas empresas, na escola, nas instituições em geral e até mesmo na igreja (sim isso acontece).
SABOTADOR 4 – AUSÊNCIA DE VISÃO SISTÊMICA
Conseguir enxergar além, ter visão “do todo”, ver “a floresta” e não somente “a árvore”, “os galhos” ou “as folhas” são metáforas comumente usadas para descrever o mesmo problema; a ausência de visão sistêmica.
Como o ambiente de trabalho e de negócios precisa ficar muito mais dinâmico em resposta à aceleração da informação, a necessidade de pessoas que conseguem “ligar os pontos” se tornou grande.
Só “liga os pontos” quem tem visão sistêmica.
Na prática, o mercado está precisando de pessoas que consigam interpretar dados, compreender contextos e lidar muito bem com emoções.
Os processos de aprendizagem também não estão podendo aguardar muito; precisam de aceleração.
Empresas menores (algumas minúsculas) estão produzindo muito conteúdo bom e entregando-o de graça, para mostrar que entendem do assunto que mais interessa aos seus clientes: resolver problemas e realizar sonhos.
Como elas aprendem muito rápido, exatamente por serem pequenas e sem burocracia, também inovam mais rápido porque têm pessoas com uma visão bastante sistêmica.
Ali trabalham os “rebeldes”, questionadores que duvidam do impossível e da tradição. Inquietos roteadores de soluções para o menor e para o maior dos problemas que enxergam nas entrelinhas da realidade dos clientes alvo e dos futuros clientes que ainda pretendem buscar.
Porque menciono tanto as empresas pequenas?
Porque elas são ágeis e aprendem super-rápido.
A moral da história é que para combater a ausência de visão sistêmica os trabalhadores das empresas e instituições precisam tornar a burocracia bem menos importante do que a velocidade de aprendizagem.
Quando a regra se torna mais importante do que o resultado é sinal de que algo está errado.
SABOTADOR 5 – PROCESSOS INEFICIENTES
Por outro lado, a ausência de organização, especialmente no que se refere à produção faz muito mal.
Processo produtivo é parte da vida de qualquer negócio, mesmo que o negócio seja apenas você.
Numa multinacional, numa média empresa ou mesmo no serviço que apenas uma pessoa oferece há uma sequência ideal, que se bem executada otimiza a produção, a satisfação do cliente, os ganhos, a redução de custo.
Essa sequência é o que conhecemos como processo.
Coincidência ou não é o principal “gargalo” de milhares de empresas até hoje.
Processos ineficientes, mal desenhados ou até mesmo inexistentes transformam a vida de trabalhadores e dirigentes num verdadeiro inferno e se torna o pretexto ideal para a não colaboração.
Por melhor que seja a intenção das pessoas, quando algo crucial não funciona no dia-a-dia fica difícil querer harmonizar a ação conjunta.
Por isso é bastante interessante caprichar na eficiência dos processos produtivos.
Na prática é preciso:
- Ter processos bem desenhados, com total consciência do sequenciamento ideal que consome menos e produz muito mais;
- Organizar a compra e recebimento de matéria-prima independentemente do tipo de atividade, mesmo que a matéria-prima seja apenas informação;
- Trabalhar o aprimoramento perpétuo do processo buscando referências internas e externas para fazê-lo funcionar melhor;
- Treinamento e harmonização das pessoas na execução dos processos produtivos;
- Paciência e “feedback” na hora de instruir;
- Transmitir toda e qualquer instrução com visão sistêmica; se o colaborador sabe porque faz o que faz, o processo flui e o trabalho em equipe fatalmente também tende a fluir.
CONCLUSÃO
Então como trabalhar em equipe?
Como enfraquecer estes sabotadores e fazer o trabalho em equipe finalmente funcionar?
É possível?
Sim.
É fácil?
Jamais.
Já ouviu falar em Ubuntu?
É a filosofia defendida por Nelson Mandela que pode ser resumida em:
“Respeito, cortesia, compartilhamento, comunidade, generosidade, confiança, desprendimento”.
Eu diria que é a cooperação no seu estado ideal.
Princípios absolutamente favoráveis ao trabalho em equipe e capazes de enfraquecer todos os sabotadores que citei.
Tudo isso é o espírito de Ubuntu.
Algumas afirmações que giram em torno do conceito:
“Ubuntu não significa que as pessoas não devam cuidar de si próprias. A questão é: você vai fazer isso de maneira a desenvolver a sua comunidade, permitindo que ela melhore?”
Veja este vídeo que tem circulado pelas redes sociais para uma melhor compreensão:
Isso se parece muito com o que supostamente deveria ser o eixo central do trabalho em equipe, remunerado ou não.
A ideia de pluralidade que teoricamente ouvimos o tempo todo nos discursos acalorados nas empresas e instituições, mas que na prática não acontece entre as pessoas que ali convivem.
Se quisermos evoluir para uma espécie que de fato pratica a colaboração teremos que evocar nosso lado reptiliano, pois como mencionei até mesmo o reino animal já nos ultrapassou neste quesito.
Da mesma forma que uma pessoa precisa de equilíbrio para viver bem, as organizações também precisam.
Presumo que balancear os fatores que afetam a motivação humana é uma das ações estratégicas dos tempos modernos.
E o trabalho em equipe é um destes fatores.
Quando um sistema complexo como é o caso das organizações fica muito tempo sem evoluir, a tendência é que se transforme em um grande colapso.
Mas como diz o ditado “a esperança é a última que morre”.
Espero que façamos da esperança a verdadeira colaboração.